05/07/2025
Esporte

Fluminense supera petrodólares do Al Hilal, dá ‘grito de independência’ e vai à semifinal do Mundial com atuação para a história

Fundado pelo inglês Oscar Cox e campeão da Copa Rio de 1952, título mundial não reconhecido pela Fifa, o Fluminense deu mais do que um grito de independência no 4 de julho americano. Venceu o Al-Hilal da Arábia Saudita deixando tudo em campo, dando a vida para se classificar para a semifinal da Copa do Mundo de Clubes. Marcado no torneio por um futebol competitivo – e time com menor receita da atual fase da competição – , o Tricolor ignorou os petrodólares dos árabes, manteve a postura aguerrida vista diante da Inter de Milão, e saiu vitorioso, em mais uma atuação que fica para a história.

O injustiçado Martinelli e o perseguido Hércules foram os heróis da partida e autores dos gols, um em cada tempo. Fábio teve mais uma atuação grandiosa e segurou até o fim o 2 a 1, descontado por Marcos Leonardo. Cano teve antes a bola do jogo, mas o gol perdido não fez falta. Agora, o Fluminense aguarda o duelo entre Palmeiras e Chelsea.

No confronto que opôs duas equipes acostumadas com o calor de Orlando, houve alternância de domínio e posicionamento para ver quem conseguia surpreender o adversário no contra-ataque. Como previsto, a partida equilibrada não permitiria erros. Depois de um primeiro tempo praticamente perfeito, o Fluminense falhou na bola aérea na etapa final, quando o Al Hilal empatou, mas soube reagir aos momentos de sofrimento mais uma vez. E terminou o jogo inteiro, com a vaga merecida.

Força e velocidade

Os dois times foram a campo numa espécie de de 5-3-2, que variava para um esquema 3-5-2 com a bola. A diferença estava nas características da linha de zaga. O Fluminense protegeu mais a área, com até seis jogadores, e o Hilal trocou mais de posições. O início foi disputado. Com a bola, Fluminense abria os laterais e Arias e Cano ficavam por dentro. Com Thiago Silva sempre na orientação, Bernal e Martinelli revezavam para buscar a bola e sair em transição. Arias flutuava e baixava para ajudar do lado direito. Na esquerda, Nonato apoiava e fazia os movimentos de maior pressão sem a bola. Quando o time roubava, atacava com sete jogadores, entre eles Fuentes, substituto de Renê, suspenso.

Na alternância entre os momentos de pressão, o Al Hilal também subia bem ao ataque. Com mais jogadores no campo de defesa do Fluminense. Mas fazia uma média pressão. Uma forma de atrair o rival. Os árabes defendiam em linha de cinco e avançavam bem os pontas, com Renan Lodi como um terceiro zagueiro pela esquerda. A equipe brasileira soube dosar a marcação e conseguiu a primeira chance aos 18 minutos. Em lançamento de Arias, Cano arrancou e chutou por cima do gol. O Hilal tentava responder com bolas esticadas e viradas de jogo, mas a zaga do Fluminense se mantinha atenta.

Passada a metade do primeiro tempo, o Fluminense foi quem recuou mais suas linhas e o Al Hilal conseguiu trocar passes no ataque, com boa distribuição de jogo de Cancelo. Marcos Leonardo fazia bem a movimentação para receber de costas e fazer a bola girar para quem vinha de trás. Houve duas ou três jogadas que terminaram com finalizações erradas. Em escanteio, Ignacio bloqueou a subida de Koulibaly. Mas após a pausa para hidratação o Fluminense voltou a pressionar. Em cruzamento de Samuel Xavier, a zaga afastou mal. Cancelo tocou fraco, Fuentes recuperou e tocou para trás. Martinelli chegou, cortou um defensor, e acertou de esquerda no ângulo de Bono. Golaço!

Fábio salva, pênalti é revisto e Cano falha; Al Hilal pressiona até o fim

O Al Hilal tentou reagir na bola aérea. Rúbens Neves levantou na cabeça de Koulibaly, mas Fábio operou um milagre ao tirar com a ponta dos dedos. Na sequência, Samuel Xavier tocou sem intenção em Marcos Leonardo e o juiz deu pênalti. Mas após consultar o vídeo, cancelou a marcação. O Fluminense saída de campo para o intervalo na frente.

No segundo tempo, Renato Gaúcho tirou o suspenso Martinelli para mandar a campo Hércules. Se iniciava o bombardeio árabe. Os zagueiros tricolores começaram a cortar cruzamentos, mas a bola encontrou Koulibaly livre de marcação. O defensor escorou para trás e Marcos Leonardo deixou tudo igual. O Fluminense não se abateu. Voltou a atacar e teve chance de voltar à frente no placar. Em erro de Renan Lodi, Cano saiu livre, tentou driblar Bono e entrar com bola e tudo, mas o goleiro se recuperou e tirou dos pés do argentino. Na sequência, Arias achou o centroavante por dentro, mas ele demorou a chutar e foi bloqueado.

As saídas em velocidade do Fluminense começaram a rarear. O Al Hilal tinha mais intensidade e assustava nas arrancadas de Malcon. Os escanteios viraram um “Deus nos acuda”. Foi quando Renato mexeu outra vez. Novamente lançou Everaldo e Lima. Com maior presença no meio-campo, Hércules voltou a deixar o Fluminense na frente. Roubou uma bola na intermediária, chutou errado, e Samuel Xavier dividiu para deixar o meio-campo com chance de finalizar. Em chute cruzado, ele fez o segundo, provocando uma euforia no estádio Camping World, e deixando a torcida “louca da cabeça”.

Os minutos finais foram de entrega e tensão. Com o Al Hilal na pressão, como fez com o City e obteve sucesso, Renato seguiu com algumas trocas para renovar o gás da equipe, que se manteve bem postada e com boa articulação nos contra-ataques. Arias teve duas chances e não conseguiu concluir. Nos últimos minutos, o técnico ainda mandou Thiago Santos a campo para a vaga de Bernal. Guga substituiu Samuel Xavier. E cada bola passou a ser disputada como se fosse a última da vida de cada jogador. Em dia de homenagem antes do jogo pela morte de Diogo Jota, do Liverpool, o Fluminense jogou intensamente, e literalmente deu a vida em campo, para buscar a tão sonhada eternidade.

O Globo*

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