Bolsonaro impõe veto a aliados e pode dificultar candidatura de Cláudio Castro ao Senado
Com o objetivo de consolidar uma base forte no Senado em 2026, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) estabeleceu um novo critério para definir os candidatos que receberão seu apoio: estar livre de qualquer processo nas cortes superiores do país. A informação foi divulgada pela colunista Bela Megale, de O Globo.
Segundo a reportagem, Bolsonaro determinou que todos os nomes com ações em tramitação no Supremo Tribunal Federal (STF) ou no Superior Tribunal de Justiça (STJ) estão automaticamente excluídos da corrida pelo Senado com o aval bolsonarista. A exigência faz parte de uma estratégia mais ampla para formar uma espécie de “frente contra o Judiciário”, priorizando aliados que possam encampar pautas como o impeachment de ministros do Supremo, especialmente Alexandre de Moraes, alvo recorrente de críticas do ex-presidente.
Um dos efeitos práticos dessa diretriz é o distanciamento de Bolsonaro em relação ao governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), que já foi cogitado para disputar uma vaga no Senado em chapa com Flávio Bolsonaro. Embora as investigações sobre Castro — que envolviam suspeitas de corrupção em contratos de assistência social no estado — tenham sido arquivadas, a Procuradoria-Geral da República recorreu da decisão do ministro André Mendonça, do STF, que trancou os inquéritos.
Enquanto o recurso da PGR ainda aguarda julgamento, Bolsonaro já sinalizou sua preferência por outro nome para representar o Rio de Janeiro no pleito: o senador Carlos Portinho (PL-RJ). A escolha reflete a preocupação do ex-presidente em evitar qualquer aliado que possa ser, nas palavras de seus interlocutores, “suscetível à pressão de magistrados”.
A movimentação de Bolsonaro reforça seu plano de retorno à cena política com protagonismo, mirando o fortalecimento do PL e a criação de uma base legislativa alinhada à sua agenda. Com o Congresso como campo estratégico, o ex-presidente tem trabalhado nos bastidores para influenciar diretamente as próximas eleições legislativas, especialmente no Senado, onde vê a possibilidade de reverter decisões do Judiciário que atingem a ele e seus aliados.
A restrição imposta aos pré-candidatos também sinaliza um cerco à judicialização da política dentro do próprio campo conservador, ao mesmo tempo em que busca reforçar a imagem de integridade entre os nomes que representarão o projeto bolsonarista nas urnas.
