07/11/2025
Variedade

Após suspeitas de espionagem, Cade passa a investigar mercado de delivery no Brasil

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Delivery. Foto: Ilustrativa
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O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) iniciou o monitoramento do mercado de delivery em algumas cidades brasileiras. Em documento assinado por Alexandre Barreto de Souza, superintendente-geral do órgão responsável por zelar pela concorrência no país, o Cade solicita a elaboração de um estudo e/ou parecer econômico para subsidiar o acompanhamento de atividades e práticas comerciais nas cidades de Goiânia, Rio de Janeiro, Santos, São Paulo e São Vicente.

No último dia 1º, o Cade também determinou a abertura de um procedimento administrativo para acompanhar o mercado de delivery on-line de alimentos, com o objetivo de “prevenir infrações da ordem econômica”.

Empresas do mercado de delivery estão no centro de uma série de investigações internas, especialmente após a chegada das chinesas Keeta e 99Food. As apurações envolvem suspeitas sobre ex-funcionários do iFood e da 99Food, consultorias estrangeiras e até casos de roubo de notebooks durante eventos comerciais e visitas a restaurantes.

Em 15 de outubro, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) decidiu contra a 99Food, que havia movido uma ação contra o iFood sob a alegação de que a rival promovia uma campanha sistemática para eliminar a presença visual de sua marca.

A 99Food recorreu da decisão, argumentando que as bags usadas pelos entregadores são um elemento essencial para o reconhecimento da marca, especialmente em um momento de entrada no país, e que o iFood vem atuando para enfraquecer essa estratégia.

Duas semanas atrás, a 99, controladora da 99Food, abriu uma investigação interna para apurar um possível vazamento de dados confidenciais, que pode ter ocorrido por meio do furto de notebooks corporativos e da atuação de consultorias que teriam assediado funcionários.

O caso guarda semelhanças com denúncias feitas anteriormente pelo iFood à Polícia Civil de São Paulo, segundo as quais empresas de consultoria estariam abordando colaboradores sob o pretexto de realizar pesquisas de mercado.

A 99 relatou que centenas de funcionários receberam mensagens oferecendo entre US$ 200 e US$ 1 mil para participar de reuniões nas quais seriam solicitadas informações internas das companhias. Além disso, no mês passado, a Unidade de Polícia Judiciária (UPJ) de Piracicaba, no interior de São Paulo, cumpriu um mandado de busca e apreensão na residência de um ex-funcionário do iFood.

Pouco antes, o 32º Distrito Policial da Polícia Civil de São Paulo deflagrou uma operação contra outro ex-funcionário do iFood por ter repassado informações sensíveis da empresa. De acordo com o processo, consultorias estrangeiras oferecem pagamentos em troca de uma conversa com colaboradores do iFood.

Durante essas reuniões, fazem perguntas sensíveis sobre temas estratégicos, como lucros e estrutura operacional.

Entre as questões levantadas estavam o valor total das vendas por cidade, dados sobre a formação do preço das taxas de entrega, o volume mensal de pedidos no setor de delivery de alimentos e o impacto da entrada de concorrentes estrangeiras. Em uma dessas conversas, segundo as investigações, estaria presente um executivo da Meituan, controladora do aplicativo Keeta.

O que dizem as empresas

A 99Food disse ver com naturalidade o interesse do Cade em acompanhar o desenvolvimento sustentável do mercado. “A atuação da Autoridade é essencial para garantir condições que permitam a efetiva atuação de novos players, como a 99Food, ampliando a concorrência e a diversidade de ofertas”, afirmou a empresa.

Já o iFood disse que a medida vem em momento oportuno, “em que vê com preocupação o avanço de práticas predatórias adotadas por concorrentes recém-chegados ao mercado brasileiro, como políticas comerciais insustentáveis e que têm o potencial de causar danos estruturais à concorrência local e a todo o ecossistema”.

A companhia reiterou seu compromisso com um setor de delivery competitivo e disse que seguirá colaborando ativamente com o Cade.

Já a Keeta se disse comprometida em defender um mercado de delivery livre e justo, garantindo que consumidores, restaurantes e entregadores tenham mais opções. E que, por isso, em agosto, pediu ao Cade que abrisse uma investigação sobre práticas que considera anticompetitivas.

“Acreditamos firmemente no papel e no bom julgamento das instituições brasileiras para permitir que o mercado cresça e prospere em benefício de todos”, disse a empresa.

A Rappi não retornou até o fechamento do texto.

Espionagem, consultoria suspeita e roubo de notebooks: investigações expõem bastidores da ‘guerra’ do delivery no Brasil

Com informações Extra.

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