‘Ou ele bota a viola no saco ou entra no saco’; deputada Lucinha usou poder na milícia para ameaçar desafeto político, diz MP
Na denúncia do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) que aponta a deputada estadual Lucia Helena Pinto de Barros (PSD), a Lucinha, e sua ex-assessora parlamentar, Ariane Afonso Lima como integrantes do braço político do “Bonde do Zinho”, maior milícia do Rio de Janeiro, uma troca de mensagens mostra a deputada pedindo informações e até endereço de um morador que reclamou de sua atuação, revela o blog do Octávio Guedes, do G1.
Segundo a denúncia do MPRJ, assinada pelo Procurador-Geral de Justiça, Luciano Mattos, em dezembro de 2023, o servidor da Prefeitura do Rio de Janeiro, Vancler Pascoal de Oliveira, encaminhou à deputada Lucinha um vídeo em que um homem tece comentários e críticas à Lucinha, ao seu filho, vereador da cidade do Rio de Janeiro, Junior da Lucinha, e ao prefeito Eduardo Paes, em razão de problemas envolvendo serviços prestados pela concessionária Rio Águas.
No vídeo, o morador pedia que o prefeito Eduardo Paes fosse a Santa Cruz fazer uma vistoria nos valões e nos rios para constatar o que a empresa estava fazendo e diz que “a nobre Deputada Lucinha e o filho dela Júnior vieram aí e fizeram essa roçada aí, guardaram o lixo todo dentro do valão(…) Pessoal tá pedindo socorro, vocês deram o serviço como pronto lá no rio e tá tudo assoreado. Eu tenho mais vídeos, vou postar!”.
A deputada não gostou da reclamação e cobrou de Vancler a identificação, o endereço e o “grupo político a que pertencia” o morador indignado.
Lucinha mandou a seguinte mensagem:
- Lucinha: “Vancler me passa a planta de cara. Onde ele mora. A que grupo político ele tá ligado. Do cara. Quem ele pensa que é? Falando assim de mim, do Júnior e do prefeito???? Responde aí.”
Na mensagem seguinte, segundo denúncia do MPRJ, o servidor Vancler de Oliveira responde a Lucinha, se referindo a deputada como “MADRINHA”, que conversariam pessoalmente, mas já adianta que ameaçou de morte o morador que aparecia no vídeo, lhe dizendo: “ou ele coloca a viola no saco ou ele entra no saco”, em atenção ao pedido de providências feito pela parlamentar.