Cláudio Castro diz que pode atrasar salários de servidores se renegociação de dívida de R$ 8 bi não avançar
Autoridades estaduais estão preocupadas com a situação financeira do Rio de Janeiro. O subsecretário-geral de Fazenda, Gustavo Tillmann, apresentou nesta terça-feira (3) os números na Comissão de Orçamento da Alerj.
E em Brasília, o governador Cláudio Castro se reuniu com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para tentar renegociar a dívida do ano que vem acordada no Regime de Recuperação Fiscal. Castro disse que pode atrasar salários de servidores se as negociações não avançarem.
Em 8 meses, o Governo do Estado teve uma perda de receita líquida em torno de R$ 4 bilhões. Por outro lado, as despesas ainda aumentaram em R$ 5 bilhões.
“Sinal amarelo, alerta total, cinto apertado. É um descasamento muito significativo entre receita e despesa”, disse o deputado estadual André Corrêa (PP).
“É um momento de muita tensão e de muita dificuldade em que não só governo e poderes têm que estar atentos para que o Rio não viva o que viveu nos tempos recentes, de bloqueio, de atraso de salário de funcionário, de crise institucional.”
Segundo o Governo do Estado, a perda de receita aconteceu por causa da queda de indicadores do petróleo e pela limitação na cobrança do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), sancionada no ano passado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.
O Governo do Estado ainda argumenta que as despesas aumentaram devido à recomposição salarial do funcionalismo público.
“É desafiador, mas por enquanto estamos bem. O sinal de alerta fica no ar, mas o trabalho está sendo feito e estamos num bom caminho por enquanto”, disse o subsecretário-geral de Fazenda, Gustavo Tillmann.
Para os deputados, outro sinal de alerta é o crescimento da dívida com a União. Segundo os dados apresentados durante a audiência pública, a dívida do estado saltou de R$ 132 bilhões para R$ 151 bilhões — um crescimento de mais de 14%.
“As contas são extremamente preocupantes. Nós vamos sair ilesos esse ano, mas com o pagamento que estamos tendo com o serviço da dívida, com juros exorbitantes, as contas do ano que vem e dos próximos 3 anos estão muito comprometidas”, falou o deputado estadual Luiz Paulo Corrêa (PSD).
“Se eu vou pagar de serviço da dívida mais que o investimento, como eu saio desse buraco? Não adianta aumentar o prazo do Regime de Recuperação Fiscal de 9 pra 12 anos com juro alto. Quanto maior o prazo, maior o juro que você vai pagar.”
Reunião com Haddad
Em Brasília, o governador Cláudio Castro se reuniu com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. O governador pediu a renegociação do acordo firmado dentro do Regime de Recuperação Fiscal.
Só no ano que vem, o estado terá que pagar cerca de R$ 8 bilhões ao Governo Federal.
Para Cláudio Castro, se a renegociação não acontecer, o estado pode quebrar.
“Não há a menor condição da gente pagar em valores corrigidos no ano que vem. O Rio de Janeiro, por exemplo, sai da casa de R$ 3 bilhões este ano para quase R$ 8 bilhões no ano que vem. O que vai acontecer no ano que vem se a gente não avançar é quebradeira de novo dos estados que já estão em situação difícil.”
“O nosso problema vai causar fome no estado, vai causar atraso no salário e isso é algo que a gente não pode deixar acontecer”, completou.
G1*