Acordo por ministério esfria, e Paes oferece secretarias ao PT de olho em apoio para 2024
Apesar de um de seus aliados mais próximos, o deputado federal Pedro Paulo (PSD-RJ), ter ficado mais distante de uma vaga no Ministério do Turismo do futuro governo Lula (PT), o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), avança em negociações para abrir espaços ao PT no primeiro escalão da gestão municipal. O movimento de Paes, que vem acenando com vagas para petistas nas secretarias de Meio Ambiente e de Assistência Social, busca assegurar uma aliança com o PT para sua tentativa de reeleição à prefeitura em 2024.
Integrantes do PT admitem a possibilidade de compor o secretariado de Paes, mas avaliam que o movimento depende de um aval da direção nacional do partido, de acordo com seu planejamento para as eleições municipais daqui a dois anos e até para o pleito de 2026. Embora Paes negue publicamente esta intenção, correligionários do prefeito avaliam que a tendência é de que ele renuncie ao cargo em 2026, caso reeleito, para concorrer ao governo do Rio.
O deputado Pedro Paulo, tido como um dos favoritos de Paes para ser o vice da sua chapa em 2024 e, eventualmente, assumir a prefeitura em caso de renúncia, havia sido indicado ao ministério pela bancada do PSD na Câmara. Como a nomeação esfriou, o cenário mais provável é que o PSD indique dois ministros pela sua bancada do Senado. Os mais cotados são Carlos Fávaro (PSD-MT) e Alexandre Silveira (PSD-MG).
A articulação que envolveu Paes foi uma forma de retribuir o apoio do grupo político do prefeito do Rio à eleição de Lula no segundo turno. No entanto, adversários buscaram minar a indicação, relembrando o episódio em que Pedro Paulo foi acusado de agredir a ex-mulher.
As acusações vieram à tona em 2015, quando ele se preparava para disputar a prefeitura do Rio com apoio de Paes. O Supremo Tribunal Federal (STF) arquivou o processo no ano seguinte. O episódio, no entanto, foi explorado pela militância de partidos de esquerda na campanha municipal daquele ano. Na ocasião, Pedro Paulo acabou ficando fora do segundo turno na capital fluminense, disputado entre Marcelo Crivella (Republicanos) e Marcelo Freixo, à época no PSOL e hoje no PSB. Assim como Pedro Paulo, Freixo era outro nome cotado para o Ministério do Turismo, embora interlocutores do PT afirmem que a pasta, caso não vá para o PSD, pode ser envolvida em acordos com outros partidos de centro, como MDB e União Brasil.
Além das pastas do Meio Ambiente e da Assistência Social, oferecidas por Paes na tentativa de contemplar o PT, integrantes do partido demandaram ao prefeito do Rio que incorpore à sua gestão programas petistas na área de economia solidária, como a moeda social adotada em Maricá (RJ). Com isso, Paes pode criar uma terceira secretaria para abrigar petistas.
A vereadora Tainá de Paula (PT), uma das cotadas para integrar o governo Paes, afirma que o partido “não tem pressa” para definir sua participação no secretariado. Segundo ela, a prioridade atual do partido é o fechamento das vagas em ministérios e nos cargos ligados à administração federal.
– Vamos aguardar a composição nacional para depois verificar se o convite para entrar no governo (municipal) se mantém, e em que formato. Entendemos que Paes, ao fazer oficialmente o convite para o PT estar em duas secretarias, busca reforçar uma frente ampliada para 2024. É provável que essas conversas avancem pelo mês de janeiro no partido – disse a vereadora.
O deputado federal eleito Washington Quaquá, um dos vice-presidentes nacionais do PT, afirma que o partido pretende discutir tanto a composição de chapa de Paes para 2024 quanto o peso de petistas na administração municipal.
– Precisamos saber o quanto ele (Paes) está disposto a acolher a plataforma política do PT. Não estamos atrás de adesão por cargos, até porque, se for assim, os votos da esquerda irão para outro caminho – afirmou.
Fonte: O Globo
