07/08/2025
Economia

Tarifa dos EUA que entra em vigor nesta quarta atinge em cheio empresas do Rio e ameaça empregos em 48 cidades

Porto do Açu
Porto do Açu
Prefeitura de Campos

Entrou em vigor nesta quarta-feira (6) a tarifa de até 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. A medida, que já provocava tensão entre empresários, deve ter efeitos profundos na economia do estado do Rio de Janeiro — segundo maior parceiro comercial dos estadunidenses no Brasil, atrás apenas de São Paulo.

De acordo com a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), o impacto será sentido em praticamente todas as regiões fluminenses, com destaque para cidades como Petrópolis, Duque de Caxias, São João da Barra, Macaé e a capital. Só em 2024, o estado exportou US$ 7,4 bilhões (cerca de R$ 40 bilhões) para os EUA. As informações são do portal g1.

Demissões e perdas no horizonte

O setor produtivo já admite consequências negativas imediatas. Segundo a Firjan, 60% das empresas afetadas temem uma forte redução nas vendas e 42% não descartam demissões. Pequenas e médias empresas, especialmente aquelas localizadas no interior, estão entre as mais vulneráveis.

“A duras penas conseguiram abrir mercado fora do país. Agora, sem estrutura para reagir tão rápido, podem fechar as portas”, alertou Luiz Césio Caetano, presidente da Firjan.

A federação planeja, junto à Confederação Nacional da Indústria (CNI), organizar uma missão empresarial a Washington para tentar conter os prejuízos, dialogando diretamente com empresas e associações estadunidenses.

Exportadores em alerta: da serra ao litoral

O novo cenário já afeta a rotina de exportadores em várias cidades. Em Duque de Caxias, uma empresa do setor de pescados viu os custos com frete aéreo dispararem nas últimas semanas, numa corrida para embarcar o máximo de mercadorias antes da mudança nas regras.

“É praticamente uma proibição. A tarifa de 50% inviabiliza o negócio”, afirmou Rafael Barata, diretor de comércio exterior da empresa.

Na serra fluminense, a indústria da moda também está sob pressão. Há 35 anos no mercado, a empresária Déspina Filios comanda uma confecção de biquínis em Petrópolis e exporta 60% da produção para os Estados Unidos — cerca de 150 mil peças por ano.

“Temos esperança de que haja pressão diplomática. Nossos clientes estão em choque”, relatou Déspina à reportagem. E concluiu:

“Não dá pra absorver esse impacto sozinha. Os preços vão subir e as vendas devem cair.”

Economia local na berlinda

Os efeitos da nova tarifa se espalham por diferentes setores e atingem desde grandes exportadores até microempresários. Ao todo, 48 cidades do estado venderam produtos ao mercado estadunidense em 2024. Além dos grandes polos, municípios como Cordeiro, Casimiro de Abreu, Tanguá e Carmo também dependem do comércio com os EUA.

As exportações mais expressivas neste ano vieram dos seguintes municípios:

  1. Rio de Janeiro – US$ 4,95 bilhões
  2. Duque de Caxias – US$ 1,64 bilhão
  3. São João da Barra – US$ 953 milhões
  4. Petrópolis – US$ 900 milhões
  5. Macaé – US$ 699 milhões
  6. Volta Redonda – US$ 69 milhões
  7. Três Rios – US$ 49 milhões
  8. Itatiaia – US$ 47 milhões
  9. Porto Real – US$ 26 milhões
  10. Niterói – US$ 22 milhões

Apesar de o petróleo — principal produto da pauta de exportação fluminense — ter sido poupado da tarifa, outros setores estratégicos continuam desamparados, sem perspectiva de exceção ou negociação à vista.

Empresários alertam que a medida impacta toda a cadeia produtiva, do pescador artesanal ao transportador. “A gente precisa manter essa máquina girando antes de tomar decisões mais drásticas”, reforçou Rafael Barata.

Enquanto o governo federal avalia uma possível reação diplomática, o setor produtivo tenta ganhar tempo — e fôlego — para evitar perdas irreversíveis.

Com informações Agenda do Poder.

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