21/05/2025
Política

Promessa de campanha de Cláudio Castro, Pacto RJ tem obras paradas

Prefeitura de Campos

Mais de setenta obras do Pacto RJ, programa do governo do estado, estão paradas. São obras em diferentes cidades para dragagem de rios, duplicação de rodovias e construção de escolas, com investimento estimado em R$ 2,5 bilhões.

O maior programa de investimentos do estado, lançado em 2021, envolve mais de R$ 17 bilhões para estimular o desenvolvimento do RJ. A meta era concluir cerca de 800 obras num prazo de até 3 anos, ou seja, até 2024.

O RJ2 esteve em alguma dessas obras que já deveriam estar prontas, melhorando a vida do cidadão. São obras de infraestrutura, saneamento, educação, saúde, que deveriam beneficiar todos as cidades do estado.

A reportagem fez um levantamento e constatou que pelo menos 73 delas ainda não passam de promessas.

Do portão de casa, o professor de geografia Danilo Aguiar viu as melhorias chegarem na RJ-099, em Seropédica, na Baixada Fluminense. Mas viu também a obra parar antes de ser concluída.

A restauração, construção da terceira faixa e do acostamento na estrada que conecta duas rodovias federais — a BR-465 à BR-101 — não terminaram.

“Os 800 metros finais é a velha estrada sem manutenção, diz Danilo.

O asfalto liso cede lugar a uma sequência de buracos, a iluminação pública é inexistente e uma ponte está inacabada.

Segundo o site do Pacto RJ, a obra na RJ-099, orçada em R$ 131 milhões, é a segunda mais cara entre as que atualmente estão suspensas pelo programa. Menos de 80% do projeto foi concluído antes da paralisação.

Dos mais de R$ 17 bilhões anunciados em investimentos do Pacto RJ, R$ 3 bilhões saíram da privatização da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio (Cedae).

Um ano depois do prazo previsto para a entrega, cerca de 10% de todos os projetos estão suspensos, informa o site do governo — investimentos que chegam a R$ 2,5 bilhões.

Existem obras paralisadas em 37 dos 92 municípios do estado. Em todas as regiões — de grandes cidades, como a capital e São Gonçalo, a municípios menores, como Varre-Sai e Carapebus, incluindo destinos turísticos como Armação dos Búzios e Paraty.

  1. Armação dos búzios
  2. Barra do Piraí
  3. Belford Roxo
  4. Cabo Frio
  5. Cambuci
  6. Campos dos Goytacazes
  7. Carapebus
  8. Cordeiro
  9. Duque de Caxias
  10. Itaboraí
  11. Itaperuna
  12. Japeri
  13. Macaé
  14. Macuco
  15. Magé
  16. Mangaratiba
  17. Miguel Pereira
  18. Miracema
  19. Nilópolis
  20. Niterói
  21. Nova Iguaçu
  22. Paracambi
  23. Paraty
  24. Queimados
  25. Quissamã
  26. Resende
  27. Rio Bonito
  28. Rio Claro
  29. Rio de Janeiro
  30. Santo Antônio de Pádua
  31. São Fidélis
  32. São Gonçalo
  33. São João de Meriti
  34. Seropédica
  35. Silva Jardim
  36. Teresópolis
  37. Varre-Sai

Desde o lançamento do Pacto RJ, o número de obras cadastradas chegou a 1.039, segundo dados do site oficial do programa. Destas, 636 já foram entregues, com investimento total de R$ 5 bilhões. Outras 331 seguem em andamento, somando R$ 11 bilhões em recursos.

Entre Senador Camará e Bangu, moradores convivem com alagamentos causados pelo Rio Viegas. A promessa era de dragagem e canalização completa do rio. A obra chegou a ser iniciada, mas foi interrompida. Enquanto isso, os moradores seguem à espera da conclusão dos trabalhos.

A obra começou, e parte do rio foi canalizada. Mas basta seguir o curso d´água para ver que as promessas não acompanharam o leito do rio.

À primeira vista, o Rio Viegas pode parecer um córrego inofensivo, mas quando chove, ele coloca em risco a segurança dos moradores.

“Quando chove, vai batendo e desbarrancando. Inclusive, eu tive que fazer uma encosta, barricada, pra não tombar o meu muro”, diz um morador.

O consultor técnico Alan Carvalho mora em frente ao rio há mais de 40 anos.

Ele conta que nesse período, a situação do rio só piorou. Quando chove, a água alaga tudo e o rio vai descendo, inundando a área. Apesar de ser raso, a água sobe tanto que chega a passar por cima da ponte.

As melhorias no local ficam por conta dos próprios moradores.

“Tudo aqui é conosco. A limpeza lateral, mandar capinar. Nada tem auxílio aqui. Nada acontece, estamos esquecidos”, fala Alan.

Suspeita de superfaturamento

O Tribunal de Contas do Estado (TCE) investiga suspeita de superfaturamento em um contrato com a Construtora Metropolitana.

A obra que começou orçada em R$ 82 milhões, ganhou aditivos e chegou ao montante de R$ 120 milhões.

O TCE descobriu que foi usada metodologia ineficiente, ultrapassada e antieconômica.

O Globocop sobrevoou a RJ-085 no trecho que liga Duque de Caxias a Belford Roxo. A obra de duplicação da rodovia, com orçamento de R$ 52 milhões, é mais uma que aparece como suspensa no site do Pacto RJ.

De cima, é possível perceber que a obra está longe de ser concluída e não há sinal de nenhum trabalhador no local.

O projeto da RJ-085 também inclui a construção de duas pontes metálicas. A atual, no entanto, mais parece um tobogã: torta, velha e perigosa. Mesmo assim, ainda há pedestres que se arriscam a atravessá-la.

Há obras que começaram, pararam e agora foram retomadas. Uma delas, de drenagem em Belford Roxo, deveria ter sido concluída há quase 2 anos, mas a movimentação de máquinas e operários só ocorreu recentemente.

“Ficou parada um tempão, voltou não tem um mês”, conta o motoboy Felipe da Silva.

A drenagem e pavimentação da Avenida Automóvel Clube, em Belford Roxo, se concluídas sem mais interrupções, podem fazer uma grande diferença para quem passa pela região.

A diarista Sandra Vieira espera há anos a construção de uma escola. O mato toma conta do terreno onde deveria ser construído um colégio estadual em Guaratiba, na Zona Oeste do Rio. No local, não há sequer uma placa indicando a realização de futuras obras.

A professora Vera Lúcia da Mata diz que a construção da escola seria muito importante para os jovens da região, já que as opções de ensino médio ficam muito distantes.

Ela fala que a unidade faz muita falta e que, se estivesse funcionando, sua filha teria estudado ali e concluído o ano letivo no local. Em vez disso, o terreno segue abandonado e tomado pelo mato e pelos bichos.

Viaduto inacabado, duplicação interrompida, rio que transborda e escola fantasma: o maior pacote de obras do governo do estado ainda está repleto de promessas não cumpridas.

O que diz o governo do Rio

O governo do estado informou que as obras suspensas representam menos de 7% das mais de mil ações do Pacto RJ, que totalizam mais de R$ 19 bilhões em investimentos.

Em relação às obras das rodovias exibidas na reportagem, o governo disse que as empresas contratadas pelo DER já mobilizaram equipes e máquinas para retomar os trabalhos.

Sobre o colégio em Barra de Guaratiba, a Secretaria de Educação informou que está em processo de cumprimento de exigências ambientais para dar sequência às obras.

O governo também comentou os questionamentos do TCE em relação à obra do Rio Viegas. Disse que o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) está prestando todos os esclarecimentos e que já foram concluídos 85% da obra.

Fonte: G1/RJ2

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