Castro defende penas mais severas para crime de terrorismo: ‘Ou endurece, ou vira essa mistura de México com Colômbia’
O governador Cláudio Castro (PL) acompanha nesta terça-feira (24), com a cúpula da segurança, o dia seguinte à onda de ataques ao sistema de transportes do Rio de Janeiro no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC) do estado. Ele disse que nesta quarta (25) vai a Brasília a fim de se encontrar com José Múcio Monteiro, ministro da Defesa.
“Outra frente importante que começo a capitanear é que a gente endureça a legislação federal. Crime de terrorismo tem que ter pena de 30 anos em regime fechado, sem progressão”, defendeu.
Hoje, a lei prevê de 12 a 30 anos, dependendo do caso, e os condenados podem acabar no semiaberto, por exemplo.
“Ou a gente endurece a legislação ou se transforma nessa mistura de México com Colômbia”, afirmou.
Toda a polícia na rua
Castro disse que pediu ao Instituto de Segurança Pública (ISP-RJ) um “monitoramento diário dos dados de violência” nas áreas da milicia do Zinho.
“Nosso estágio em alerta segue firme, e as polícias seguem com todas as equipes na rua até que consideremos a situação totalmente normalizada”, destacou.
“Desde 21h [de segunda-feira, 23] não há mais ocorrências. Ficamos em prontidão”, emendou.
O governador disse que, dos 12 detidos nos ataques, 6 permaneceram presos, e 6 acabaram soltos por falta de provas. “Esses 6 serão enviados para presídios federais.”
Integração
O governador pediu um esforço conjunto contra o crime.
“Essas armas e drogas não estão sendo produzidas aqui. Estão entrando pelas estradas federais, por portos e aeroportos. Só com integração a gente consegue resolver”, afirmou.
“A situação da criminalidade no Brasil, que tem um epicentro no Rio, como tem na Bahia, em São Paulo, virou uma questão nacional. E esse poder bélico e a questão da lavagem de dinheiro em geral”, emendou.
‘Ações terroristas’
Nesta segunda-feira (23), Castro concedeu uma entrevista coletiva no Palácio Guanabara. Ele disse que a morte do miliciano Matheus da Silva Rezende em operação da Polícia Civil faz parte da estratégia de prender os três principais criminosos do estado e classificou a represália como “ações terroristas”.
“Esses três criminosos; Zinho, Tandera e Abelha: não descansaremos enquanto não prendermos eles”, declarou.
Segundo o governador, os ataques são uma prova de que os criminosos estão se sentindo cercados pelas forças de segurança.
Matheus, que era conhecido com Faustão ou Teteu, é sobrinho do miliciano Zinho, que comanda a maior milícia do Rio.
Já Tandera é chefe de outra milícia, e Abelha, chefe do Comando Vermelho, a maior facção do tráfico do Rio.
“No meio da operação, houve uma resistência e depois veio a óbito o Matheus Rezende, conhecido como Faustão ou Teteu. Ele era responsável pela guerra e também pela união com o tráfico, com as narcomilicias. Alguns dizem que ele era preparado para ser o sucessor do miliciano Zinho.”
“Foi uma operação que aconteceu de manhã. O 02 da facção foi morto. Estamos atrás de prender o miliciano Zinho, esperamos nas próximas horas obter sucesso.” O chefe ainda não foi encontrado.
Castro disse que a reação dos criminosos foi fora do padrão. “A grande prova de que estamos no cerco é essa reação “descomum” que eles estão fazendo.”
Os ataques
A morte de Matheus da Silva Rezende provocou um caos na Zona Oeste do Rio na tarde desta segunda-feira (23). Ao menos 35 ônibus e 1 trem foram queimados a mando de criminosos, no que já é o dia com mais coletivos incendiados na história da cidade, segundo o Rio Ônibus.
Entre os ônibus queimados, 20 são da operação municipal, 5 do BRT e outros de turismo/fretamento.
Outros veículos e pneus também foram incendiados, fechando diversas vias em bairros como Campo Grande, Santa Cruz, Paciência, Guaratiba, Sepetiba, Cosmos, Recreio, Inhoaíba, Barra, Tanque e Campinho.
Pelo menos 12 suspeitos de ataques a ônibus foram levados para a 35ª DP (Campo Grande).
Passageiros tiveram que deixar alguns dos coletivos às pressas momentos antes dos criminosos atearem fogo aos ônibus. No Recreio, uma usuária do BRT chega a cair de cara ao deixar o ônibus
Fonte: G1
