Milícia na campanha: Paes denuncia a Moraes que candidatos são impedidos de entrar em áreas dominadas pelo crime
O prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), se reuniu nesta quinta-feira em Brasília com o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Morais, e pediu ajuda para dar segurança a candidatos nestas eleições. De acordo com o prefeito, alguns candidatos não estão conseguindo fazer campanha em áreas dominadas pela milícia na Zona Oeste do Rio. Paes fez o mesmo apelo ao presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ), desembargador Elton Leme.
O prefeito disse ainda que comunicou o mesmo fato ao governador Cláudio Castro (PL), que concorre à reeleição pela coligação Rio Unido e Mais Forte.
— Estou ouvindo muitos depoimentos de candidatos sobre isso. Dizem que um ou outro têm acordo com a milícia e por isso não conseguem fazer campanha nessas áreas. Não vou expor nomes para não ser leviano. Ouvi de mais de um. Não tenho provas, mas vou formalizar de novo. O fato é que tenho ouvido muitos depoimentos e falei inclusive com o próprio governador Cláudio Castro — disse Paes.
Nas eleições municipais de 2020, o Disque Denúncia fez levantamento em que mostrava que 14 do Estado do Rio tinham denúncias de infiltração de milicianos e traficantes no processo eleitoral. O relatório foi feito a do GLOBO, com base em ligações recebidas pelo órgão desde o início da campanha, em 27 de setembro, até o último dia 13. A maior parte das denúncias relata atuação de milicianos para interferir no pleito, 24 ao todo. Em cinco municípios, foram registradas denúncias tanto de traficantes quanto de paramilitares direcionando votos e impedindo a presença de candidatos: Rio, Itaguaí, Duque de Caxias, Belford Roxo e Niterói.
No último mês, o TSE decidiu que o eleitor não poderá levar o celular para a cabine de votação e deverá deixar o aparelho com o mesário da seção eleitoral na hora de votar na urna eletrônica. A justificativa da medida foi evitar coações, fraudes e a violação do sigilo do voto. O desrespeito será considerado “ilícito eleitoral” e poderá resultar em punições.
A proibição de entrar com o celular na cabine de votação já é prevista na lei eleitoral, mas a Corte reforçou o entendimento no último mês. Pela decisão dos ministros, os mesários poderão acionar o juiz responsável pela zona eleitoral caso alguém se recuse a entregar o celular, e até mesmo chamar a Polícia Militar para que a medida seja cumprida.
O Globo*
