MP investiga se Mercedes de vice do Ceperj foi presente de prestador; Marcello Coimbra Costa foi exonerado
O Ministério Público do Rio (MPRJ) investiga se Marcello Coimbra Costa, vice-presidente do Ceperj, ganhou de presente uma Mercedes de um prestador de serviços da fundação.
Depois das denúncias do RJ2, o presidente do Ceperj, Gabriel Rodrigues Lopes, pediu exoneração. Mas Marcello permaneceu como vice.
No dia 23 de dezembro do ano passado, Marcello foi a uma concessionária na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, e comprou uma Mercedes à vista, com desconto, por R$ 162 mil. O veículo, esportivo e luxuoso, é blindado e tem teto solar.
Mas o RJ2 descobriu que não foi Marcello quem pagou pelo carro. O dinheiro saiu da conta da Ricardo Pires Produção de Eventos – empresa que pertence a Ricardo Pires de Oliveira – um dos associados do Instituto Fair Play. Ele é gestor de comunicação e eventos do instituto.
Dias antes da compra do carro, o Instituto Fair Play recebeu R$ 7,5 milhões do Ceperj pela prestação dos serviços para o programa “Esporte Presente”.
Em novembro, outra parcela de mais de R$ 7,5 milhões tinha sido paga pelo governo.
O Ministério Público do Rio investiga as circunstâncias da compra da Mercedes e por que o carro foi parar nas mãos de Marcello Coimbra Costa. Os promotores suspeitam que o veículo tenha sido usado como pagamento de propina.
A Mercedes está no nome da empresa Emme Consultoria e Marketing, uma sociedade limitada, cujos sócios são Marcello Coimbra Costa e a mulher dele, Emanuelle Santana. E tem capital social de R$ 20 mil.
Além do contrato com o Ceperj, o Instituto Fair Play também foi contratado pela Secretária Estadual de Esportes para executar o projeto “RJ em Movimento”, por mais de R$ 76 milhões.
O TCE já chamou atenção para a similaridade entre o “RJ em Movimento” e o “Esporte Presente”. Entre as empresas subcontratadas pelo Fair Play para a execução dos serviços está a empresa de Ricardo Pires de Oliveira, responsável pela compra da Mercedes.
A reportagem esteve em endereços ligados a Marcello Coimbra Costa e Ricardo Pires de Oliveira, mas não conseguiu contato.
Marcello Coimbra Costa é irmão do chefe de gabinete do deputado estadual Rodrigo Amorim (PTB), Raphael Coimbra Baptista de Leão.

O RJ2 apurou que Rodrigo Amorim teve influência na indicação de Marcello para o Ceperj, mas o deputado nega que tenha feito qualquer indicação.
TCE-RJ e MP investigam irregularidades
O Ceperj é alvo de investigações do Ministério Público, da Justiça Eleitoral e do Tribunal de Contas do Estado.
É investigado pela contração secreta de mais de 27 mil pessoas. A suspeita é que esses cargos tenham sido distribuídos para aliados do governo, para uso político.
Mais de R$ 220 milhões de foram sacados na boca do caixa. Segundo o MP, uma nítida afronta às normas de prevenção à lavagem de dinheiro.
Dinheiro que também pode ter sido usado para contratar funcionários fantasmas e para fazer a rachadinha – quando um político fica com parte dos valores dos salários dos funcionários contratados.
Um dos projetos do Ceperj – que estão na mira dos investigadores – é o “Esporte Presente”, um programa que, de acordo com o governo do estado, leva o esporte como instrumento de educação e transformação social as comunidades do Rio.
O Ceperj contratou o Instituto Fair Play para ajudar na gestão do projeto. É uma organização da sociedade civil que tem um contrato de R$ 15 milhões.
Mas o RJ2 mostrou na semana passada que alguns núcleos do “Esporte Presente” não funcionam como deveriam.
O que dizem os envolvidos
Pouco depois de ser procurado pelo RJ2, o Governo do Estado decidiu exonerar o vice-presidente do Ceperj, Marcello Coimbra Costa.
Disse que o governador Cláudio Castro determinou rigorosa apuração dos fatos, além da imediata suspensão de todos os contratos ligados ao Instituto Fair Play.
O Instituto Fair Play disse que está apurando os fatos e que, por enquanto, não vai se posicionar.
O deputado Rodrigo Amorim afirmou que não tem nenhuma ingerência sobre a gestão do Ceperj e não tem responsabilidade sobre atos de terceiros.
Amorim disse que não fez qualquer indicação e que tentar fazer ligações entre o nome dele e de Marcello Coimbra configura perseguição política e tentativa de difamá-lo.
A concessionária Royal 4 x 4 disse que atua apenas na condição de intermediadora de vendas de veículos e que realiza todos os trâmites dentro da lei.
Fonte: G1
