Filho diz que ficou cinco dias com a mãe morta em casa: 'Ela morreu sem comida' - Tribuna NF

Filho diz que ficou cinco dias com a mãe morta em casa: ‘Ela morreu sem comida’

Uma idosa de 64 anos foi encontrada morta, na noite desta quinta-feira, em seu apartamento na Rua Dona Delfina, na Tijuca, Zona Norte do Rio, sem sinais aparentes de violência. Já em estado avançado de putrefação, o corpo estava no chão do corredor do apartamento de quarto e sala, com a cabeça apoiada numa almofada verde surrada. Ao lado dela, o filho de 34 anos. Segundo a policia, mãe e filho sofriam de transtornos mentais.

Peritos da Polícia Civil acreditam que a idosa tenha morrido há três ou quatro dias, mas apenas o exame cadavérico poderá informar com precisão. O filho da mulher contou que a mãe “parou de se mexer e explodiu o rosto” há cinco dias.

— Nós últimos momentos, ela dormiu. A barriga estava parada, mas o rosto parecia normal. Achei normal. Depois, começou a ficar meio estranho. Não sou médico. Joguei um pouco de água na boca. A água ficou no canto da boca. Virei a cabeça para sair. Desse jeito, normal. Passou um tempo, já começou a explodir o rosto. Eu vi que já era. Deixei — contou o rapaz, gesticulando com as mãos o tempo todo.

Segundo ele, a mãe estava normal antes de se deitar no chão do corredor, mas caminhava com um pouco de dificuldade:

— Ela estava bem, andando. Não corria, como uma pessoa que se alimenta bem, mas andava. Minha mãe morreu por falta de comida e bebida. O dinheiro havia acabado e eu pegava comida na rua para comer.

Luiza Leite Paim vivia sozinha com o filho no apartamento. Policiais militares que acompanharam a ocorrência relataram que as condições do imóvel eram insalubres, com muito lixo acumulado. Sobre um fogão velho, panelas com restos de comida. A idosa, que vestia um sutiã preto tomara que caia por cima de uma camiseta amarela e bermuda estampada, trabalhou por seis anos em um supermercado perto de casa, mas pediu demissão.

— Ela saiu do emprego porque se sentia perseguida. O dinheiro da demissão acabou e minha tia também parou de mandar dinheiro. Quem nos ajuda é uma assistente social do Ipub (Instituto de Psiquiatria da UFRJ), porque perdemos o contato com os parentes — disse o rapaz, que afirma já ter sido internado três vezes por questões psiquiátricas.

O corpo de Luiza foi descoberto por bombeiros, que atenderam ao chamado de vizinhos, incomodados com o cheiro que vinha do apartamento.

— Eu cheguei a bater no apartamento hoje (quinta-feira) duas vezes, mas o filho dizia que a mãe estava bem, que estava dormindo. Apenas quando os bombeiros chegaram, ele mostrou o corpo – contou a síndica, que preferiu não se identificar, ao sair da 19 DP (Tijuca), onde o caso foi registrado.

Segundo ela, a família tem um longo histórico de problemas no edifício, com episódios de agressão. A polícia confirma que o rapaz tem duas passagens por agressão.

A síndica relatou também aos policiais que o apartamento em que moravam mãe e filho tem uma grande dívida de condomínio. Uma ação na Justiça pede que o imóvel vá a leilão para quitar o débito.

— O corpo está sendo encaminhado para o IML para exame cadavérico. A perícia de local foi feita nesta noite. Ouvimos a síndica do prédio e o filho da mulher que morreu — disse a delegada Cristiana Bento, da 19ª DP (Tijuca).

Fonte: Jornal Extra

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