Ex-presidente do Detro diz que propina era chamada de 'chocolate', mas negou recebimento, se dizendo 'diabético' - Tribuna NF

Ex-presidente do Detro diz que propina era chamada de ‘chocolate’, mas negou recebimento, se dizendo ‘diabético’

O ex-presidente do Detro, Rogério Onofre, acusado de receber R$ 44 milhões em propina e que foi solto no segundo semestre do ano passado, negou ter recebido valores indevidos. Ele disse que chegou a receber ofertas dos empresários do setor rodoviário, mas se fazia de desentendido.

“Eu não recebi propina, nem nada de ninguém, pelo contrário. Tinha empresa de ônibus que chegava com sacola de dinheiro, não desses grupos grandes”, afirmou.

“Eles falavam assim: ‘Tem um chocolate para o senhor’. Aí eu dizia que não: ‘Sou diabético'”, contou.

Onofre foi preso em 2017 após a Operação Ponto Final, um desdobramento da Lava Jato, e solto no ano seguinte por habeas corpus do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Em 2018, foi novamente preso pela Justiça Federal. O Ministério Público Federal argumentou que ele havia ameaçado testemunhas.

Em setembro de 2018, o juiz Marcelo Bretas determinou a soltura. Na ocasião, o magistrado argumentou que a prisão preventiva já se estendia há quase um ano.

O Detro é o departamento que regula o transporte rodoviário no estado. Na teoria, Onofre deveria fiscalizar as empresas, mas, na prática, o MPF alega que o representante era pago para fazer “vista grossa”.

Gravação: ‘Você foi lá e cortou (a propina)’

Onofre também disse que, apesar das ofertas, não levou as propostas ilegais às autoridades. O ex-presidente do Detro também negou uma gravação que comprovaria a negociação de propina, confirmada pelo empresário Jacob Barata Filho, o Rei dos Ônibus.

No material, o então presidente do Departamento de Transportes Rodoviários do Rio (Detro), Rogério Onofre, reclama com empresários de ônibus porque passou a receber R$ 600 mil, em vez de R$ 1 milhão.

O dinheiro, de acordo com o MPF, se tratava de propina. De acordo com os representantes do MPF, participaram do encontro os empresários Lélis Teixeira, José Carlos Lavouras, Marcelo Traça e Jacob Barata Filho. A reunião foi realizada em 2011, durante o governo Sérgio Cabral. Foi no e-mail de Jacob Barata que a força-tarefa encontrou o arquivo de áudio.

“Eu recebo R$ 1 milhão a mais de um ano e meio. Você, por vontade sua, foi lá cortou e botou 600. Eu fiquei quatro meses sem receber. Eu fui até surpreendido. Não tava fazendo nada. Eu não tava fiscalizando vocês”, reclama Onofre aos empresários, segundo os investigadores. Onofre nega que a voz seja sua.

Em uma das ocasiões, Onofre disse ter recebido R$ 250 mil de Barata em um pacote mas que procurou Marcelo Traça e devolveu.

Fonte: G1

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